O presente trabalho estende e atualiza a visão de futuro para 2030, já que, desde 2008, profundas mudanças estruturais, não previstas no es-tudo, ocorreram.
Externamente, a crise financeira mundial que se acirrou em 2009 alterou substancialmente as condições de investimento e mercado, enquanto, gradualmente, os principais atores internacionais alteravam suas estratégias e competências para enfrentar as novas condições da compe-tição globalizada. Internamente, as tendências assinaladas nos estudos de 2008 emergiram e tornaram-se claras para todos. As mudanças na estrutu-ra do setor foram consolidadas nos novos perfis das empresas e nas formas de governança; a saturação de certos modelos de negócio e o aparecimento de outros reconfiguraram as redes de poder que estabeleciam a identidade setorial.
Também as transformações socioeconômicas internas que resulta-ram das ênfases das políticas de desenvolvimento passaram a evidenciar novos perfis de consumo e a interferir na oferta e demanda de empregos industriais e de formação de competências, assim como nas capacidades institucionais.
Um caso exemplar é o desequilíbrio entre oferta e demanda de costureiras industriais. A carência de operadoras de máquinas de cos-tura se deve mais às transformações sociais produzidas pela mobilidade econômica, programas nacionais de transferência de renda, explosão das redes sociais, regimes de cotas universitárias e valorização das identida-des e diversidades étnicas e culturais do que ao emprego de novas tecno-logias de produção. Jovens de diferentes classes econômicas passaram a compartilhar propostas de futuro semelhantes, onde o emprego industrial tradicional não aparece como opção.
Assim, em sentido oposto ao das cor-rentes que promoveram o desenvolvimento tecnológico em muitos setores industriais dos países desenvolvidos, é a escassez da oferta de trabalho que está provocando a necessidade de automação e robotização industrial em setores intensivos em trabalho humano, mesmo em países que possuem grandes contingentes de mão de obra barata.
Tais eventos e transformações assumiram caráter especial no Brasil, justamente no período seguinte ao da formulação do pstc e do epstc. Por este motivo, a abit, abdi e senai cetiqt decidiram investigar se a Visão 2023 e as rotas traçadas em 2008 ainda eram consistentes.
Optou-se, então, pela ampliação temporal de sua validade até 2030, reativando, ampliando e formalizando o comitê anterior, e assumindo um caráter permanente de prospecção e de acompanhamento das estratégias, objetivos, diretrizes e dos fundamentos que as suportam.
Desenhar uma visão de futuro de um setor está intrinsecamente re-lacionado às expectativas da sociedade a seu respeito. Além disso, algumas questões precisaram ser esclarecidas, como, por exemplo:
- Que tipos de empresas, cadeias e modelos de negócios se quer priorizar e desenvolver?
- Que modelos de negócios favorecem e que modelos desfavore-cem a filosofia de desenvolvimento do setor?
- Que tipos e papéis institucionais serão relevantes no caminho até 2030?
- Que benefícios e contribuições do setor a sociedade brasileira es-pera obter em 2030?
- Qual é, e qual deverá ser a composição estrutural atual e futura das cadeias de valor do setor?
- Como o setor deverá se inserir na Cadeia Global de Valor?
Uma série de contradições precisaram também ser resolvidas:
- Que formas de liderançaa as empresas brasileiras do setor pretendem e acreditam ser capazes de exercer nos níveis global, regional e local?
- Como criar políticas e priorizar ações para um setor repartido em redes empresariais que cada vez mais englobam objetivos confli-tantes devido às suas posições relativas na cadeia de valor?
- Como conciliar interesses conflitantes nos diversos elos e estru-turas da cadeia de valor e ao mesmo tempo aproveitar as oportu-nidades nascentes?
- Como estimular novos perfis empreendedores e proteger antigos da ameaça externa?
- Como estabelecer estratágias de geração de ativos escassos e de agregação de valor sem perder o mercado de massa nacional?
- Como suprimir a concorrência desleal e, ao mesmo tempo, au-mentar a experiência com atividades globalizadas essenciais para o amadurecimento competitivo do setor?
- Como desenvolver monopólios de inovação e ao, mesmo tempo, preservar a diversidade e compartilhar objetivos de aprendiza-gem contínua e coletiva?
- Como estabelecer políticas de estímulo ao desenvolvimento tecnológico e de proteção de competências essenciais, quando as fronteiras entre o ambiente interno e externo estão cada vez mais transitórias, incertas e indefinidas?
Estudos preliminares, realizados para resolver essas questões e con-tradições, ratificaram a necessidade de corrigirmos algumas orientações dos trabalhos de 2008. Reunindo forças e atuando de maneira mais inte-grada, o setor fez opções e vem tomando decisões que enfatizam suas ca-pacidades e recursos internos para enfrentar as mudanças estruturais ne-cessárias que fogem do lugar-comum da defesa de interesses conflitantes e das opções isoladas de curto prazo.
Procurando atuar como cadeia de valor, o setor passa a integrar pequenos e grandes empresários, indústria e varejo, acadêmicos e governo e instituições de apoio em uma mesma Visão de Futuro.
Esta matéria contua no póximo post…
Fonte: Livro A quarta revolução industrial do setor têxtil e de confecção para 2030 de Flávio da Silveira Bruno
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